A reportagem da TRIBUNA DO NORTE conversou com o capitão PM Hélder Araújo, comandante da 4ª Companhia Independente de Polícia Militar, cuja sede é Santa Cruz. O gestor informou que a unidade é responsável por 19 municípios (entre esses Coronel Ezequiel ) e conta com efetivo de 207 policiais militares. Ao ser questionado se tal contingente é suficiente, ele respondeu que seria necessário, pelo menos, o dobro para atender às demandas da população.
O Petrus Antonnius, responsáveis por toda área da 9ª Delegacia Regional de Polícia de Santa Cruz, cuja jurisdição abrange 10 municípios, incluindo a cidade sede. O delegado informou que já foi aberto inquérito para investigar a tentativa de assalto e sequestro em Coronel Ezequiel. Questionado se é possível atender satisfatoriamente às necessidades da sociedade no plano da investigação, foi sincero ao dizer que não, mas tem feito o possível. O coronel Reinaldo, comandante do Policiamento do Interior, argumentou que o que aconteceu na cidade foi uma ação planejada e garantiu que serão realizadas operações naquela região no intuito de combater a ações de grupos interestaduais.
Bate-papo» Soldado Wilson: PM sequestrado
A reportagem conversou o soldado Wilson, que foi mantido de refém. Ele falou com equipe de reportagem da TRIBUNA DO NORTE e expressou sua indignação com o que afirma ser falta de respeito dos gestores pela segurança pública para com o policial. Eis a entrevista:
O que o senhor tem a dizer sobre esse episódio?
Eu quero que seja mais um desabafo do que uma entrevista. Nós policiais militares vivemos sendo humilhados pelo sistema militar. A gente vive no interior do Estado e nas cidades com menos de 10 mil habitantes são encontrados um ou dois policiais. Cumprimos uma escala de 24 horas, o que é degradante e nos expõe. Não quero que aconteça mais isso com meus colegas. Isso está virando rotina e tende a piorar.
Vocês foram agredidos fisicamente ou foi somente violência psicológica?
Não nos bateram, mas psicologicamente estamos muito abalados porque foi muito terror. Ficavam falando que iam tocar fogo na viatura, iam nos jogar vivos. Não suportamos a vida que estamos levando no nosso trabalho.
Havia algum indício, uma marca na fala deles que entregassem ser potiguares ou de outro Estado?
Não...eram de fora. Sou muito observador e maioria deles tinham menos de 27. Eram três que estavam na viatura e outros na Ranger.
Vocês pensaram em algum momento que não sairiam com vida?
No primeiro momento quando estávamos algemados um ao outro dentro da viatura e eles não conseguiram pegar o dinheiro. Depois quando a gente estava na área rural e eles mandaram que saíssemos da viatura e tirássemos a roupa. Achei que a gente ia morrer naquela hora.
Qual o recado que o senhor manda para os gestores da segurança pública?
Olhe pro interior. Não pode mais dois policiais ficarem numa cidade com até 10 mil habitantes esperando a marginalidade vir buscar nossas armas e dignidade.
Mas o amor pela farda permanece, não é?
Será? Eu estudo todo dia pra sair porque tenho amigos com vinte e tantos anos de polícia que ganham 50 contos a mais do que eu. Não temos nenhuma perspectiva de crescimento na profissão. Não temos um plano de cargo, carreiras e salários, não temos perspectiva.
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