quinta-feira, 26 de maio de 2011

“Número de homicídios é reflexo da impunidade”, diz delegado geral

Marco Carvalho
repórter

Fábio Rogério Silva é o novo delegado geral da Polícia Civil. Rogério assume a Degepol em substituição a Ronaldo Gomes de Morais, exonerado do cargo na semana passada. O nome mais forte da PC  chega com a prioridade de estruturar as investigações de homicídios no estado.

Emanuel AmaralFabio Rogerio Silva, Delegado Geral de PolíciaFabio Rogerio Silva, Delegado Geral de Polícia
Para ele, a impunidade constatada em diversos casos é o reflexo do aumento da violência no Rio Grande do Norte. Fábio Rogério já assume em meio a desafios: a greve dos agentes e escrivães.

Outro problema que terá de superar é a meta estipulada pelo CNJ, exigindo a resolução de mais de mil inquéritos até o final de junho. Para ele, “a tarefa é difícil”.

Fábio retornou nesta quinta-feira,  25,  a Maceió, onde integrava uma força tarefa da Força Nacional. Ele deve ser desmobilizado da Polícia Judiciária de nível federal enquanto estiver à frente da Degepol.

O novo delegado geral conversou com a reportagem da TRIBUNA DO NORTE no novo gabinete e também anunciou que fará “mudanças necessárias” no primeiro escalão dos delegados. Confira a entrevista.

Com qual prioridade o senhor assume a Degepol?

A nossa prioridade será a integração dentro da própria Polícia Civil e também com os órgãos federais. Estaremos buscando isso em prol de melhorias para a classe. Também buscamos uma união com a Polícia Militar e com a Força Nacional, a qual sou integrante. Por isso, espero encontrar portas abertas em Brasília para colaborar e poder desenvolver nosso trabalho aqui.

Quando o delegado Ronaldo Gomes assumiu a Degepol, estipulou como prioridade a informatização das delegacias e a interiorização da Polícia Civil. Essas metas serão incorporadas à gestão?

A informatização permanece como prioridade da Delegacia Geral. Também iremos priorizar a questão da violência contra a pessoa, com a criação da DHPP [Divisão Especializada de Homicídios e Proteção à Pessoa] e a busca  da punição aos assassinos.

A meta estipulada pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ) de concluir mais de 1 mil inquéritos de homicídios até o final de junho será cumprida?

Será uma tarefa muito difícil de alcançar, ainda mais com a greve dos policiais. A vinda da Força Nacional também foi adiada, pois enfrenta problemas para formar as equipes de agentes e delegados em vários estados da federação.

Já há uma nova data para a vinda da Força Nacional?

Não temos a previsão de quando a Polícia Judiciária virá para cá.

Em que etapa está a implantação da Divisão de Investigação de Homicídios?

O projeto está com a secretaria [de segurança pública e defesa social do Estado], mas já foi aprovado pelo Conselho de Polícia e está à nível de consultoria para ser enviado ao Governo. O que buscamos com a implantação da Divisão é a diminuição do índice de violência.

O senhor estava à frente da Delegacia de Homicídios (Dehom) e já havia feito uma série de críticas ao modo como ela funcionava. A logística será diferente com a DHPP?

Com certeza. O que acontece hoje é uma investigação tardia e muitas vezes há perda de provas e testemunhas. E isso conseqüentemente resultará em impunidade.

Como a Divisão iria tentar alterar essa realidade?

As equipes irá à cena do crime, que é importantíssima para a investigação e aumentará a possibilidade de se chegar a autoria. Os agentes, o delegado, o papiloscopista dariam outro valor e outra dinâmica ao inquérito. Temos o exemplo de Pernambuco. O estado implantou este sistema e está caindo no ranking das capitais mais violentas do país.

Qual a relação da impunidade com o aumento da violência?

O número de homicídios é um reflexo da impunidade vista. É claro que a pessoa que matou uma vez não vai deixar de assassinar. Precisamos priorizar esse tipo de investigação, que tira o bem mais valioso: a vida.


O senhor assume em meio a greve da categoria dos policiais civis. Como isso te prejudica?

É uma situação complicada. A expectativa que tenho é que o diálogo e o bom senso prevaleçam. O Governo do Estado tenha a sensibilidade de negociar para que os agentes e escrivães retornem ao trabalho de combate à criminalidade.

Como o trabalho que o senhor exerce na Força Nacional pode trazer benefícios para a Polícia Civil potiguar?

Pretendo trazer a ética e o profissionalismo, características do trabalho na Força Nacional. Quero avançar nas questões dos homicídios, do tráfico de drogas e no crime organizado. Esses são os sustentáculos do nosso trabalho.

Quem é Fábio Rogério?

Formado em Direito pela Universidade Católica de Pernambuco no ano de 1994.2, Fábio Rogério tem 17 anos na área de Segurança. O delegado  trabalhou como Agente de Segurança Penitenciária em Recife/PE, e, três anos depois, no Rio Grande do Norte, como Delegado de Polícia Civil classe substituto.

Fábio Rogério passou por várias delegacias da capital e do interior, atuando primeiramente na 12ª DP Santarém, 9ª DP, 5ª DP, DP de Ceará-Mirim, Delegacia de Capturas (Decap), DP de Goianinha, 10ª Delegacia Regional de João Câmara.

O delegado concluiu, em setembro de 2010, o curso da Instrução de Nivelamento de Conhecimento, na Academia Nacional de Polícia Federal em Brasília, considerado apto a integrar a Força Nacional, sendo o único delegado do Estado a ser integrante da Unidade de Investigação Criminal do Ministério da Justiça – MJ.

Fonte: Tribuna do Norte

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