segunda-feira, 12 de setembro de 2011

Pecado Capital: MP diz que investigados "afastaram" delegado da Deicot

Fred Carvalho _ Editor

A quadrilha presa na operação Pecado Capital nesta segunda-feira (12) teve poder até para "afastar" um delegado que pretendia investigar os supostos crimes administrativos cometidos no Ipem. Segundo o Ministério Público, o delegado Matias Lauretino teria sido destituído das funções como adjunto da Delegacia Especializada em Crimes Contra a Ordem Tributária (Deicot) a pedido de Rychardson de Macedo Bernardo, ex-diretor da autarquia.Uma interceptação telefônica feita pelo Ministério Público às 21h05 do dia 28 de março passado mostra uma conversa entre Rychardson e o advogado Daniel Vale Bezerra, também preso na operação Pecado Capital. Os dois falavam sobre as investigações comandadas por Matias Laurentino. Na gravação, eles discutem sobre como o delegado conseguiu informações sobre diárias pagas pelo Ipem e os nomes do pessoal que recebiam essas diárias.

"É só dizer que não tem [a lista com os nomes das pessoas que recebiam as diárias]. Como foi que esse FDP pegou isso aí? Que bicho FDP esse Delegado", diz Rychardson a Daniel.

No final da ligação, Rychadson diz a Daniel, refrendo-se ao delegado Matias Laurentino: "Agora é tentar tirar esse doido daí, que ele acanalhou tudo esse Matias". Rychadson chega a comentar que o delegado "está exagerando".

Matias Laurentino foi nomeado para ser adjunto da Deicot em março deste ano. Mas 23 dias após a designação, foi exonerado do cargo, sendo nomeado para ser titular da Delegacia de Proteção ao Idosos (Depi).

O Ministério Público chama a atenção na petição enviada à Justiça para o fato de no dia da publicação da exoneração de Matias Laurentino da Deicot, Rhandson Macedo - também preso na Pecado Capital - ter ligado para o irmão Rychardson.

A interceptação foi feita às 14h04 do dia 2 de abril passado: ""Você, já viu na internet? Saiu já! Mas não é a pessoa que você pensava que entrou".

Tanto a nomeação, quanto a exoneração de Matias Laurentino fortam assinadas pelo então delegado geral de Polícia Civil (Degepol), Ronaldo Gomes de Moraes.

Na petição, o Ministério Público frisa que "a dispensa do DPC MATIAS LAURENTINO da DEICOT reforça a fragilidade de nossa Polícia Civil para investigar os crimes contra a Administração Pública. Pelos diálogos pode se afirmar com convicção que o delegado foi dispensado, em virtude de tráfico de influência dos investigados que fazem parte da organização criminosa, quais sejam, RYCHARDSON DE MACÊDO BERNARDO, DANIEL VALE BEZERRA e RHANDSON ROSÁRIO DE MACEDO BERNARDO para que o delegado não conseguisse descobrir os atos criminosos cometidos no IPEM pelos investigados".

A Polícia Civil não participou da operação Pecado Capital nesta segunda-feira.

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