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O número de homicídios registrados pela Secretaria de Estado da Segurança Pública e Defesa Social já se aproxima dos 60 nesta primeira quinzena do mês de janeiro. Os dados foram disponibilizados pelo Instituto Técnico-Científico de Polícia (Itep), ligado à Sesed, e mostram que entre o dia 1º e a madrugada de hoje (16), foram registrados 56 assassinatos, sendo 49 por arma de fogo e seis por arma branca, além de uma morte que a vítima sofreu agressões dos dois tipos de arma.
Desses assassinatos, 39,2%, ou 22 deles, ocorreram em Natal, dos quais 19 foram baleadas e duas vítimas de armas brancas, além do assassinato de Erikles Rodrigues Gregório, na avenida Moema Tinoco, na última segunda-feira (13). O restantes dos casos foram registrados em diversos municípios de todas as regiões do Estado.
Além desses casos, há ainda outros não encontrados nos registros do Itep durante consulta da reportagem, como o de Nilsiane Cristina da Silva, 24 anos, morta a tiros no bairro de Nossa Senhora da Apresentação, em Natal na terça-feira passada (14), e de Fábio de Lima Ferreira, 26 anos, morto a tiros no bairro Pereiros, na madrugada de hoje (16) em Mossoró.
Segundo o comandante-geral da Polícia Militar do Rio Grande do Norte, coronel Francisco Canindé Araújo Silva, o policiamento ostensivo que cabe à PM está sendo feita, com barreiras policiais e blitzen. "As rondas estão sendo feitas normalmente, mas a maioria dos casos acontecem de madrugada e ainda os crimes passionais ou acerto de contas, que independem do policiamento. É um acerto que já estava para acontecer", justifica.
Coronel Araújo cita ainda alguns pontos da cidade como a Vila de Ponta Negra, Felipe Camarão, Mãe Luíza e ainda alguns municípios da Grande Natal, como Macaíba, Parnamirim e Extremoz, como focos de ações da Polícia Militar. "São áreas já conhecidas pela violência e que recebem mais ações e operações da PM", afirma. O comandante-geral da PM acrescenta ainda que um conjunto de ações das polícias Civil, Militar, Federal e Rodoviária Federal garantiria a segurança pública do cidadão. "É uma coisa que não depende só da gente", disse.
O presidente do Conselho Estadual de Direitos Humanos e membro da Comissão sobre Insegurança Social da OAB, Marcos Dionísio, afirma que desconsiderando episódios isolados, como o ocorrido em Arez, os números deste ano continuam no mesmo ritmo dos registrados em 2013. Segundo ele, o número de homicídios registrados já é de 64, predominantemente nos municípios de Natal, Macaíba, Mossoró e Assú. "Não há muita novidade sobre onde está ocorrendo e o ritmo se mantém. Se não resolver a ausência do poder público nessas áreas mais violentas, esses números não vão parar", disse.
Ele aponta a presença ostensiva da PM como essencial para controlar as execuções, mas também afirma que a presença ostensiva não é capaz de controlar a criminalidade. "Para parar a criminalidade, é necessário um conjunto de políticas públicas, envolvendo outras áreas, como Saúde e Educação, para diminuir os índices de criminalidade", avalia. Marcos Dionísio considera ainda o tráfico de drogas e de armas de fogo como os principais fatores que precisam de mais atenção para ser combatido, principalmente pelo acesso dos jovens.
"É necessária a materialização do [programa] Brasil Mais seguro no Estado. É preciso tratar a segurança pública como prioridade, cobrando resultados e, por outro lado, oferecer os instrumentos necessários", sugere. "Não podemos mais adiar a criação do Conselho Estadual de Segurança Pública. A maior presença do Ministério Público e da Justiça é necessária para que as ações contra criminalidade aconteçam mais rapidamente", acrescentou.
Procurado pela reportagem, o delegado Roberto Andrade, da Especializada em Homicídios (Dehom), disse que a sua divisão trata de investigar apenas os casos mais antigos de homicídios, não cabendo a ele comentar os assassinatos já ocorridos neste ano. O titular da Delegacia de Polícia da Grande Natal (DPGran), Odilon Teodósio, disse estar com compromissos, retornando de férias, e por isso não seria capaz de avaliar os dados. O delegado geral da Polícia Civil, Ricardo Sérgio de Oliveira, não atendeu às ligações da reportagem.
Fonte: Tribuna do Norte
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