Juízes, promotores, policiais
civis e militares envolvidos nas investigações e diligências da Operação
Mal-Assombro - o desmantelamento do crime organizado e de um esquema de
pistolagem na região do Assu - foram alvos de várias ameaças. A operação foi
deflagrada no dia 31 de março passado e, ontem, o procurador-geral de Justiça, Manoel Onofre
Neto, confirmou as ameaças, iniciadas este junho e intensificadas ao longo
desta semana. Pelo menos oito pessoas diretamente envolvidas nas investigações
pré e pós operação, foram "intimidadas".
Com base nessas ameaças, os
representantes do Ministério Público Estadual, Tribunal de Justiça, Polícias
Militar e Civil do Rio Grande do Norte uniram esforços. "Nós vamos
recrudescer a atuação. Não iremos nos intimidar e, inclusive, nos estruturamos
ainda mais para oferecermos mais segurança aos profissionais envolvidos nas
investigações", confirmou o procurador-geral de Justiça, Manoel Onofre
Neto.
Como consequência das tentativas
de intimidação, mais dois juízes foram encaminhados pelo Tribunal de Justiça
para a Comarca de Assú, quatro promotores foram deslocados pelo Ministério
Público Estadual, mais doze policiais militares encaminhados pelo Comando Geral
da Polícia Militar e mais um grupo de agentes da Polícia Civil atuam na região
do Vale do Açu. Toda esta logística tem o intuito de assegurar a integridade
física dos profissionais investigadores e não interromper a operação que, por
enquanto, segue na fase de investigações.
"Há um histórico de
pistolagem naquela região que precisa ser combatido. Não serão ameaças que
interromperão o trabalho que vem sendo desenvolvido", anunciou Onofre
Neto. Até o momento, porém, nenhuma das intimidações se
"materializou". "Se um fio de cabelo dos profissionais
envolvidos for removido, nós teremos certeza que foi fruto destas ameaças",
advertiu o procurador-geral de Justiça.
O conteúdo das intimidações não
foi explicitado pelos representantes dos órgãos responsáveis pelas
investigações. Entretanto, alguns criminosos já foram identificados com o
mapeamento das ameaças feito pelos grupos de inteligência do Ministério Público
e das Polícias Civil e Militar.
Onofre Neto caracterizou que os
crimes ocorridos no Vale do Açu como de autoria de organizações paralelas cujos
componentes são das redondezas. Ele não descartou que os crimes possam ter se
ramificado em outras regiões do estado. Esta possibilidade está em fase de
investigação.
Questionado sobre os motivos
pelos quais os representantes das instituições que atuam nas investigações do
caso decidiram publicitar as ameaças, o procurador-geral de Justiça, Manoel Onofre
Neto, explicou que "foi pela iminência delas se tornarem reais".
"É uma cinte ao estado democrático de Direito. É uma inversão de
valores", descreveu Onofre Neto sobre as ameaças.
Convênio de Cooperação
Na próxima semana, o comandante
geral da Polícia Militar, coronel Francisco Araújo, assinará um convênio de
cooperação com o Ministério Público Estadual para otimizar a segurança na
região do Vale do Açu. O procurador-geral de Justiça, Manoel Onofre Neto,
esclareceu que a assinatura do convênio faz parte de um trâmite burocrático.
Visto que, tanto a Polícia Militar quanto a Civil cooperam com o Ministério
Público sempre que necessário.
Os policiais militares que serão
deslocados para a região receberão uma diária operacional cujo pagamento será
realizado pelo Ministério Público Estadual, pois serão convocados aqueles que
estiverem de folga. O procurador-geral descartou a possibilidade de pagamento
duplo de diárias - pelo MP e pelo Comando Geral - e afirmou que, ao final, será
o Estado quem irá pagar, independente se a dívida for assumida pelo Comando
Geral ou pelo Ministério Público.
Fonte: Tribuna do Norte
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