sábado, 23 de junho de 2012

MP denuncia ameaças de morte em Assú


Juízes, promotores, policiais civis e militares envolvidos nas investigações e diligências da Operação Mal-Assombro - o desmantelamento do crime organizado e de um esquema de pistolagem na região do Assu - foram alvos de várias ameaças. A operação foi deflagrada no dia 31 de março passado e, ontem, o  procurador-geral de Justiça, Manoel Onofre Neto, confirmou as ameaças, iniciadas este junho e intensificadas ao longo desta semana. Pelo menos oito pessoas diretamente envolvidas nas investigações pré e pós operação, foram "intimidadas".


Com base nessas ameaças, os representantes do Ministério Público Estadual, Tribunal de Justiça, Polícias Militar e Civil do Rio Grande do Norte uniram esforços. "Nós vamos recrudescer a atuação. Não iremos nos intimidar e, inclusive, nos estruturamos ainda mais para oferecermos mais segurança aos profissionais envolvidos nas investigações", confirmou o procurador-geral de Justiça, Manoel Onofre Neto.

Como consequência das tentativas de intimidação, mais dois juízes foram encaminhados pelo Tribunal de Justiça para a Comarca de Assú, quatro promotores foram deslocados pelo Ministério Público Estadual, mais doze policiais militares encaminhados pelo Comando Geral da Polícia Militar e mais um grupo de agentes da Polícia Civil atuam na região do Vale do Açu. Toda esta logística tem o intuito de assegurar a integridade física dos profissionais investigadores e não interromper a operação que, por enquanto, segue na fase de investigações.

"Há um histórico de pistolagem naquela região que precisa ser combatido. Não serão ameaças que interromperão o trabalho que vem sendo desenvolvido", anunciou Onofre Neto. Até o momento, porém, nenhuma das intimidações se "materializou". "Se um fio de cabelo dos profissionais envolvidos for removido, nós teremos certeza que foi fruto destas ameaças", advertiu o procurador-geral de Justiça.

O conteúdo das intimidações não foi explicitado pelos representantes dos órgãos responsáveis pelas investigações. Entretanto, alguns criminosos já foram identificados com o mapeamento das ameaças feito pelos grupos de inteligência do Ministério Público e das Polícias Civil e Militar.

Onofre Neto caracterizou que os crimes ocorridos no Vale do Açu como de autoria de organizações paralelas cujos componentes são das redondezas. Ele não descartou que os crimes possam ter se ramificado em outras regiões do estado. Esta possibilidade está em fase de investigação.

Questionado sobre os motivos pelos quais os representantes das instituições que atuam nas investigações do caso decidiram publicitar as ameaças, o procurador-geral de Justiça, Manoel Onofre Neto, explicou que "foi pela iminência delas se tornarem reais". "É uma cinte ao estado democrático de Direito. É uma inversão de valores", descreveu Onofre Neto sobre as ameaças.

Convênio de Cooperação

Na próxima semana, o comandante geral da Polícia Militar, coronel Francisco Araújo, assinará um convênio de cooperação com o Ministério Público Estadual para otimizar a segurança na região do Vale do Açu. O procurador-geral de Justiça, Manoel Onofre Neto, esclareceu que a assinatura do convênio faz parte de um trâmite burocrático. Visto que, tanto a Polícia Militar quanto a Civil cooperam com o Ministério Público sempre que necessário.

Os policiais militares que serão deslocados para a região receberão uma diária operacional cujo pagamento será realizado pelo Ministério Público Estadual, pois serão convocados aqueles que estiverem de folga. O procurador-geral descartou a possibilidade de pagamento duplo de diárias - pelo MP e pelo Comando Geral - e afirmou que, ao final, será o Estado quem irá pagar, independente se a dívida for assumida pelo Comando Geral ou pelo Ministério Público. 

Fonte: Tribuna do Norte

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